segunda-feira, 30 de maio de 2011

SETE QUEDAS... Quem lembra dessa tragédia provocado pelo homem? AQUI NO NOSSO ESTADO DO PARANÁ.


Salto de Sete Quedas

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Salto de Sete Quedas
Saltos del Guairá
Altura114 metros
RioRio Paraná
Local
Coordenadas24° 04′ S 54° 17′ W
País(es) Brasil
 Paraguai
Salto de Sete Quedas também chamado Salto Guaíra (em espanholSaltos del Guairá) foi a maior cachoeira do mundo em volume de água, até o seu desaparecimento com a formação do lago da Usina hidrelétrica de Itaipu. No entanto resquícios delas aparecem quando o nível de água da usina está baixo[1][2].

Índice

 [esconder]

[editar]Descrição

Apesar do nome, eram constituídas por 19 cachoeiras principais, sendo agrupadas
em sete grupos de quedas. Recordistas mundiais em volume d'água, as Sete
Quedas eram o principal atrativo turístico de Guaíra, cidade que, à época, chegou
 a ter 60 mil habitantes, rivalizando em importância com as cataratas de
Foz do Iguaçu. À época, Guaíra era um dos destinos brasileiros mais visitados
por estrangeiros. Atualmente, a população da antiga cidade real espanhola é inferior
 a 30 mil habitantes.

[editar]Alagamento

Quando da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, ocorreu uma super visitação
ao parque nacional das sete quedas. Milhares de pessoas, de todas as partes do
Brasil e do mundo, iam a Guaíra para presenciar os últimos dias das Sete Quedas.
Devido à superlotação, em 17 de Janeiro de 1982 ocorreu a queda da ponte Presidente
 Roosevelt, que dava acesso ao salto 19, tendo como consequência a morte de 32
pessoas. No entanto, 6 pessoas sobreviveram, salvas por pescadores de Guaíra.
A investigação apontou para uma dupla causa: primeiro, a falta de cuidado com
a manutenção das pontes sob a presunção de que em breve as Sete Quedas seriam
inundadas; e depois, o aumento descontrolado da visitação, pois todos queriam
 ver os saltos antes de seu desaparecimento para a formação do lago de Itaipu.
Às vésperas da inundação, uma grande manifestação ocorreu no parque nacional
das Sete Quedas. Centenas de pessoas se reuniram e realizaram o ritual indígena
 Quarup, em memória das Sete Quedas.
Em 13 de outubro de 1982, o fechamento das comportas do Canal de Desvio de
Itaipu começou a sepultar, com as águas barrentas do lago artificial, um dos maiores
 espetáculos da face da Terra: as Sete Quedas do Rio Paraná ou "Saltos del Guaíra".
Durante a inundação, os moradores de Guaíra iam até a beira do rio para se despedirem
das Sete Quedas. Foi uma época muito triste, segundo pessoas que viveram esta
tragédia de perto.
A inundação das Sete Quedas durou apenas 14 dias, pois ocorreu em uma época
de cheia do rio Paraná, e todas as usinas hidrelétricas acima de Itaipu abriram suas
comportas, contribuindo com o rápido enchimento do lago.
Portanto, em 27 de outubro de 1982 o lago estava formado e as quedas, submersas.
 Nos dias seguintes ao alagamento, apenas as copas das árvores ficavam acima do
 nível do rio, uma cena um tanto deprimente, pois pareciam "mãos pedindo socorro".
De acordo com levantamentos altimétricos a primeira ponte - a do Saltinho - ficava
a 204 metros acima do nível do mar, o que significa que o lago formado pela represa
de Itaipú, ao atingir sua cota que é de 220 metros acima do nível do mar, deixou esta
 ponte sob 16 metros abaixo da lâmina de água.
Posteriormente, a parte do afloramento rochoso foi dinamitado para melhorar as
condições de segurança da navegação.
Em 1982, às vésperas dos 80 anos, o poeta Carlos Drummond de Andrade expressou
 sua inconformidade com a destruição do Salto de Sete Quedas, um patrimônio
 natural do Brasil e da humanidade.
Na edição de 9 de setembro, quando afinal se anunciava o fechamento das comportas
para a criação do lago da hidrelétrica de Itaipu, Drummond publicou este poema no
Jornal do Brasil. Em letras grandes, os versos ocuparam uma página inteira, a capa
do Caderno B:
Cquote1.svgSete quedas por mim passaram,e todas sete se esvaíram.
Cessa o estrondo das cachoeiras, e com elea memória dos índios, pulverizada,
já não desperta o mínimo arrepio.
Aos mortos espanhóis, aos mortos bandeirantes,aos apagados fogosde Ciudad
 Real de Guaira vão juntar-seos sete fantasmas das águas assassinadaspor mão
do homem, dono do planeta. Aqui outrora retumbaram vozesda natureza
 imaginosa, fértilem teatrais encenações de sonhos aos homens ofertadas
 sem contrato.
Uma beleza-em-si, fantástico desenhocorporizado em cachões e bulcões de
 aéreo contornomostrava-se, despia-se, doava-seem livre coito à humana vista
extasiada. Toda a arquitetura, toda a engenhariade remotos egípcios e assíriosem
vão ousaria criar tal monumento.
E desfaz-sepor ingrata intervenção de tecnocratas.Aqui sete visões,
sete esculturasde líquido perfildissolvem-se entre cálculos computadorizadosde
um país que vai deixando de ser humanopara tornar-se empresa gélida, mais nada.
Faz-se do movimento uma represa,da agitação faz-se um silêncioempresarial, de
hidrelétrico projeto. Vamos oferecer todo o confortoque luz e força tarifadas geramà
 custa de outro bem que não tem preçonem resgate, empobrecendo a vidana feroz
ilusão de enriquecê-la.
Sete boiadas de água, sete touros brancos,de bilhões de touros brancos integrados,
afundam-se em lagoa, e no vazioque forma alguma ocupará, que restasenão da
natureza a dor sem gesto,a calada censurae a maldição que o tempo irá trazendo?
Vinde povos estranhos, vinde irmãosbrasileiros de todos os semblantes,vinde ver
 e guardarnão mais a obra de arte naturalhoje cartão-postal a cores, melancólico,
 mas seu espectro ainda rorejante de irisadas pérolas de espuma e raiva, passando,
circunvoando,entre pontes pênseis destruídase o inútil pranto das coisas,sem
acordar nenhum remorso,nenhuma culpa ardente e confessada.
(“Assumimos a responsabilidade!Estamos construindo o Brasil grande!”)
E patati patati patatá... Sete quedas por nós passaram,e não soubemos, ah, não
soubemos amá-las,e todas sete foram mortas,e todas sete somem no ar,sete fantasmas,
sete crimesdos vivos golpeando a vidaque nunca mais renascerá.

 Carlos Drummond de Andrade

[editar]Cronologia

Referências

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